Último dia para aproveitar os Lençóis Maranhenses. Acordarmos cedo e
fomos para o café da manhã, foram os mesmos itens do dia anterior, porém, tudo
continuava gostoso.
O passeio desse dia foi muito difícil de decidir, nosso guia o Misael,
comentou que esse ano choveu demais em Santo Amaro, muito além do esperado e
com isso muitas lagoas “estouraram” ou seja, não comportaram seu volume de água
e acabaram cedendo, fazendo com que elas desaparecessem, segundo o guia, foram
perdidas mais de 15 lagoas, fazendo com que a disponibilidade de passeios fosse
menor. Foi sugerido que nós fizéssemos o passeio pela Lagoa América, mas seria
passeio de meio período e queríamos aproveitar ao máximo nosso dia. O Misael
sugeriu então o passeio de Travosa, que vai até o final do parque dos Lençóis
Maranhenses, onde as dunas se encontram com o mar, parada para o almoço no
povoado de Travosa e retorno com paradas em lagoas e pôr do Sol. Achamos uma
boa, ainda mais que aproveitaríamos bem nosso último dia, o problema é que esse
passeio é relativamente “novo” e são poucos os guias que conseguem fazê-lo,
devido a distância e também os caminhos pelas dunas serem completamente
distantes dos tradicionais. Por fim o Misael indicou um amigo dele, que também
é guia credenciado, o Tiago, que nos acompanhou nesse dia. Se fôssemos fazer o
passeio em grupo, sairia R$ 120,00 por pessoa, fora o almoço que também é
cobrado a parte. Como estávamos optando por passeios privativos, fechamos o
passeio por R$ 650,00 apenas para nós 4 e neste valor estava incluso o
transporte de volta para o estacionamento, na entrada de Santo Amaro, também
privativo, sem precisa ficar esperando “encher” a jardineira.
As 9:00 da manhã o Tiago já estava na pousada e diferente do nosso outro
guia, o Misael, não era de muitas palavras, nem fazia questão de ser simpático
ou conversar. Como de costume, parada na cooperativa para papelada e dessa vez
não passamos no mercado pois ainda havia água e porcariadas para comer sobrado
do dia anterior e o almoço também precisava ser reservado com antecedência,
apenas 2 opções, peixe ou sururu (uma espécie de crustáceo), na dúvida fomos de
peixe, cada prato, em torno de R$ 40,00 por pessoa e pagamento apenas com
dinheiro.
Nesse dia andamos bastante de carro, pois literalmente atravessamos todo
o parque e as paisagens que foram aparecendo são realmente deslumbrantes, uma
mais bonita do que a outra, apesar de ser “seco” o guia era muito responsável e
conhecida muito bem o caminho.
Nossa primeira parada foi no chamado “Aquário Natural”, que nada verdade
é um pedaço do Rio Murici, onde se formou um poço e é possível avistar uma
grande quantidade de peixes. O lugar é muito bonito, porém as areias ao redor
desse poço cedem com muita facilidade, parecendo com areia movediça, fazendo
com que fosse impossível caminhar com tranquilidade e até mesmo entrar dentro
da água.
Não ficamos muito tempo e fomos para as Lagoas Gêmeas (que não são as
mesmas do dia anterior), segundo nosso guia as lagoas vão sendo nomeadas
conforme elas vão sendo encontradas, por isso alguns nomes podem ser iguais.
Tínhamos a Lagoa só para nós, um visual maravilhoso, porém, ela também
estava cheia de algas, o que não deixava o banho muito gostoso. Saímos de lá e
fomos direção ao litoral, atravessando dunas e novamente vendo paisagens
deslumbrantes.
De modo geral o litoral do Maranhão não é muito bonito, a água não tem
tons esverdeados ou azulados e nem é muito transparente, porém, o que nos
chamou mesmo a atenção foi a quantidade de lixo que tinha na praia, mesmo ela
sendo deserta, segundo o guia falou, esse lixo é trazido pelo mar e vem de
lugares muito distantes, uma pena, ali é claro como o ser humano ainda precisa
repensar e muitos seus hábitos e modos de vida.
Ao longo do caminho pela praia víamos algumas “cabanas” feitas com folhagens
de árvores, nosso guia explicou que ali ficam os pescadores do povoado e eles
passam dias, até semanas naquelas cabanas para fazer a pesca, e então, todos os
dias alguém passa de moto recolhendo o que foi pescado, tudo muito rústico e
artesanal.
Chegamos ao vilarejo e fomos até o restaurante chamado “Bar dos Ventos”,
onde havíamos encomendado previamente nosso almoço, ali ficamos sabendo que a
nossa comida seria feita pela Chef Aline, uma moradora do povoado que foi
vice-campeã do Festival Gastronômico do Maranhão no ano passado.
A área onde fica o restaurante é linda, cheia de coqueiros, tudo calmo e
tranquilo, enquanto esperávamos o almoço, foi nos servido uma batida de coco,
achamos que fosse cortesia do restaurante, mas na verdade veio da única mesa
que estava sendo servida junto com a nossa. Ao agradecermos a gentileza, uma
das mulheres que estava na mesa veio conversar conosco e perguntou se nós
gostamos da bebida, dissemos que sim, porque realmente estava muito gostosa,
ela nos explicou que havíamos tomado uma batida de coco feito com uma bebida
chamada “Tiquira”, que nada mais é do que uma aguardente feita da mandioca. E a
mulher, que veio até nós era a dona da destilaria onde essa bebida era feita.
Ela nos explicou que a Tiquira já era produzida no Brasil muito antes dos
portugueses chegarem pelos índios da região, mas com a chegada dos Europeus e a
introdução da cana-de-açúcar, a “cachaça” acabou se popularizando. E quando ela
conheceu essa bebida, no interior do Maranhão resolveu investir na região e
abriu uma destilaria que agora produz nacionalmente esse produto, por
coincidência ela também era “dona” do restaurante, em parceria com a Chef
Aline. Após um gostoso bate-papo nossa comida chegou, novamente muito bem
servido e tudo muito simples e gostoso. O restaurante também dispunha de redes
para descanso e nossa saída estava marcada para as 15:00.
Após um bom almoço e muita conversa jogada fora, era hora de partir,
voltamos novamente pelo litoral e depois adentramos as dunas e nosso guia parou
em uma lagoa que não estava muito boa para o banho, uma quantidade muito grande
de algas e o chão que cedia facilmente, não estava agradável, pedimos que nos
levassem em outra e ele nos levou na Lagoa Sem Nome (sim esse é o nome dela,
porque como foi formada esse ano, ainda não a nomearam). Essa sim seguindo o “padrão”
das outras que havíamos visitado, o que acabou “estragando” um pouco o passeio,
foi novamente a inconveniência das pessoas que estavam ali, e nesse dia, uma
sexta-feira, as lagoas estavam com bastante gente em todas elas, ter “saído”
dos passeios tradicionais foi uma boa.
Nesse dia optamos por não ver o pôr do Sol, as mulheres queriam dar uma
voltar no centrinho e comprar algumas lembrancinhas e como os passeios voltaram
quase as 19:00 a maioria das lojas estava fechada.
Após retornar para a pousada, deixamos combinado a saída do dia
seguinte.
Compras feitas, nosso jantar foi na Pizzaria Aguiar, que fica ao lado da
praça central, pizza gostosa e bem servida, na média de R$ 30,00 com 8 pedaços.
Antes de voltarmos para a pousada, tomamos um delicioso sorvete na
Sorveteria Quero-Quero, que fica um pouco afastada do centro, no caminho que
vai para as dunas, mas muito saborosa e com excelente atendimento, cada bola
era R$ 4,00.
Sorvete tomado, era hora de voltar para a pousada e arrumar as coisas,
amanhã continuaremos nossa viagem, próxima parada: Jericoacoara.
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